terça-feira, 12 de novembro de 2013

Carolina e Machado de Assis

Resolvi escrever hoje sobre a vida do autor, por coincidência hoje é dia 12/11 e essa é a data do casamento de Machado de Assis e Carolina Augusta. Machado de Assis conheceu a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais quando, em 1866, ela veio ao Rio de Janeiro. Ela era a irmã mais nova do poeta português Faustino Xavier de Novais, amigo de Machado. Carolina Augusta, de trinta e dois anos de idade, solteira, de pendores intelectuais, veio cuidar do irmão neurastênico, e é ela quem lhe dá assistência ao longo da enfermidade. Machado de Assis, mais moço que Carolina, conheceu-a e daí surgiu a afeição, à revelia da oposição de Adelaide e Miguel Xavier de Novais, outros de seus irmãos transferidos para o Brasil. Havia o preconceito de cor e resistências ao casamento por parte da família de Carolina, devido ao fato de Machado ser mulato.Carolina e Machado se casaram em 12 de novembro de 1869 e viveram uma longa vida conjugal de 35 anos sem grandes perturbações.
O afeto entre Carolina e Machado não conheceu declínio, ao contrário, cresceu a ponto de os dois se tornarem essenciais um para como outro. Além de levar uma vida caseira, o escritor era muito amoroso com a esposa, como se constata na maneira como se comportava em sua companhia e no carinho com que a mencionava nas cartas aos amigos.

.Carolina é a companheira perfeita, na compreensão, na concordância de temperamentos, no amor perene, na comunhão de sentimentos. O casamento poderia não ter dado certo para um tímido como Machado de Assis, e torturado pela epilepsia. Entretanto, Carolina o compreende e o ama, sabe protegê-lo e ampará-lo, dá-lhe a atmosfera de paz e ternura que o grande escritor necessita para construir a sua obra.
Tão grande é a influência exercida por ela no destino de Machado de Assis que há quem suponha ela tenha contribuído no aprimoramento da língua escorreita do mestre de Várias Histórias. Pode-se dizer que Carolina foi para ele a confidente e a companheira, e disto o escritor nos daria o depoimento comovido nas páginas em que, fechando a sua obra, repassou a felicidade conjugal de Aguiar e D. Carmo, no Memorial de Aires.
Com a idade o casal começou a avistar a morte e até imaginou que seria melhor ele falecer primeiro, já que não tinha parentes que o consolassem da perda. Entretanto, conforme lemos em diferentes passagens da obra machadiana, o destino é uma força indomável e imprevisível.
Em 1896, Carolina adoeceu e o casal passou algumas semanas no Hotel do Corcovado, a enferma não se recuperou totalmente, mas melhorou um pouco. Oito anos depois, teve uma crise mais aguda e em outubro de 1904, o destino levou Carolina, para mortificação do viúvo, que desde então iniciou os preparativos da própria partida. O fato de não terem tido filhos pode ter sido proposital, O escritor temia transmitir a epilepsia.Após a morte de Carolina, Machado pouco saía de casa, e as crises de epilepsia voltaram mais freqüentes e violentas. Manteve a casa como se Carolina ainda morasse com ele; com os objetos e os móveis nos mesmos lugares, como da última vez em que ela os deixou. Ia visitar o seu túmulo todos os domingos, levando flores frescas, tal como dizia em seu soneto.
Machado de Assis morreu em sua casa situada na rua Cosme Velho. Foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro e seu enterro, acompanhado por uma multidão, atesta a fama alcançada pelo autor.




           BASTOS, Dau. Machado de Assis - num recanto, o mundo inteiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.



POR: Suzana Correia Lemos

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