Quando o testamento foi aberto, os
bens foram entregues aos herdeiros, algumas coisas foram destinadas a afilhados
e uma filha, Helena, fora reconhecida. O conselheiro a reconhecia, dividia
entre ela e Estácio os bens herdados e pedia para que a menina fosse recebida e
tratada como nova integrante da família. Estácio, devido a seu caráter, aceitou
a irmã instantaneamente, mas sua tia e Dr. Camargo eram contrários à idéia.
Helena chegou à casa em Andaraí. Estácio a recebeu e logo se tornaram íntimos e amigos. D.Úrsula se mantinha desligada da moça. Passou a ceder, aos poucos, aos encantos de Helena, mas enterneceu-se de vez quando, ao adoecer, viu a menina cuidar da casa e de seu leito. Dr. Camargo, no entanto, mantinha sua opinião e por isso ele e Helena não se davam bem.
Em um dia, Estácio e ela saíram em
uma cavalgada. Quando passaram por uma casinha simples onde uma bandeira azul
enfeitava o telhado, Helena buscou saber quem morava ali, mas não teve sucesso,
e assim eles voltaram para casa.
Eles seguiam a vida. Estácio vinha já
há algum tempo planejando pedir a mão de Eugênia, filha de Dr. Camargo, em
casamento. Helena encorajava-o, mas ele não tomava atitude. Foi também nesses
tempos que Estácio viu Helena receber uma carta que lhe despertou um grande
interesse, pensava que a irmã vivia um romance e a ideia não lhe agradava. Foi
por essa curiosidade que arrancou dela uma confissão: amava a alguém e amava
muito.
No aniversário de Estácio, Helena deu
a ele um quadro onde pintara o caminho que fizeram naquela primeira cavalgada e
a casa da bandeira azul, mas mais tarde a presença daquela casa perturbou
Estácio. À noite foi oferecido um baile a ele. Já quase no final da
comemoração, Dr. Camargo teve com Helena e revelou-lhe o desejo de ver Eugênia casada
com seu irmão, e usou isto para chantageá-la, referindo-se às idas dela à casa
da bandeira azul.
Logo nos dias seguintes Estácio e
Eugênia ficaram noivos. Seguido do noivado, uma tia de Eugênia adoeceu e ela,
juntamente com a família, tinha que visitá-la. No entanto, Eugênia só se dispôs
a ir depois que Estácio, vendo-se forçado, aceitou ir com eles. Para ele era um
tremendo sacrifício separar-se de Helena, sua tia e sua casa. Nos dias em que
ele se ausentou, Helena ficou noiva.
O noivo era Mendonça, amigo de
Estácio e recém-chegado da Europa. Ele era filho de um comerciante, não tinha
riquezas, mas amava Helena. Ela aceitou o noivado mesmo não gostando tanto
dele. Quando o noivado foi concretizado, Mendonça escreveu a Estácio contando a
novidade e ele voltou para casa rapidamente. O casamento lhe agradava um pouco,
mas a confissão de tempos atrás de Helena influenciava sua resolução quanto a
conceder a mão da irmã ao amigo.
Helena queria o casamento, julgava
sua paixão confessada impossível e assim preferia o certo ao duvidoso. No
entanto, Estácio não se sentia confortável com tal situação. A esse ponto
Mendonça já se sentia desinteressado pelo casamento, pois surgiram insinuações
de que estaria se casando por interesse.
Durante tais conflitos, Estácio viu,
numa manhã em que saiu para caçar, Helena saindo da casa da bandeira azul.
Surpreso, escondeu-se e, depois que ela foi embora, foi até a casa em que ela
acabara de sair. Quando se escondera, cortara a mão e usou isso como pretexto
para conhecer o morador da casa. Conversaram enquanto ele tratava do corte e um
pouco mais depois.
Quando Estácio foi embora, acreditava
que havia se enganado com Helena. O padre Melchior foi chamado e as relações na
casa se tornaram tensas. Estácio duvidava dos atos de Helena, não sabia o que
pensar sobre o que acontecia. Melchior foi o primeiro a entender, Estácio amava
Helena e descobrir os encontros dela com aquele homem o abalou. Logo a verdade
foi revelada. O homem que habitava aquela casa tratava-se do pai de Helena,
Salvador. A história de Helena era a seguinte: Ângela e Salvador fugiram para
poderem viver seu romance e da união dos dois nascera Helena. Quando o pai de
Salvador adoeceu, ele viajou para poder vê-lo, mas quando voltou para sua casa
não encontrou sua mulher nem sua filha. Ângela havia se apaixonado pelo
conselheiro Vale e agora vivia numa casa mantida por ele. O conselheiro tomara
Helena como filha, pois acreditava que Salvador estava morto.
Com a morte de Ângela, Helena morava
na escola e recebia visitas do conselheiro. Durante este tempo, Salvador
subornava uma escrava da escola e assim ele e a filha mantiveram contato.
Quando o conselheiro morreu e Helena foi reconhecida, ela quis revelar a
verdade, mas Salvador sabia da condição de vida que teria a filha vivendo com
ele. Por esse motivo, mandou Helena para ir viver na casa de Andaraí e os dois
se encontravam sempre que era possível.
Diante tais revelações, Estácio
preferiu deixar a situação como era. Eles agora podiam viver o amor que nutriam
um pelo outro, mas provar que não eram irmãos seria desastroso demais. Nos dias
seguintes o casamento de Helena com Mendonça ressurgiu, mas ela adoecera. Ela
foi tratada, mas não surtia efeitos. Estácio havia decidido buscar pelo pai da
“irmã”, que havia ido embora para que a menina seguisse com a vida, mas não foi
preciso. Helena falecera, e, no instante em que ficara a sós com a falecida,
Estácio deu-lhe o primeiro beijo de amor e partiu. Quando chegou em casa,
conclui ao padre: perdera tudo.
Por: Queli Pereira
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