terça-feira, 8 de outubro de 2013

Os contos Machadianos


Começa, a 23 de abril de 1870, a publicar no Jornal da Tarde uma tradução, logo interrompida, do romance Olivier Twist, de Dickens. Publica seu segundo volume de versos, Falenas, e Contos fluminenses. Publica,em 1873, o livro de contos Histórias da meia-noite e a tradução de Higiene para uso dos mestres-escolas, do Dr. Gallard. Nomeado, a 31 de dezembro, 1º oficial da 2ª seção da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas.  Em 1882 publica o livro de contos Papéis avulsos.
Sabe-se que as obras de Machado pertencem a dois períodos literários, romantismo e realismo. Seus contos, porém ficam vinculados ao realismo. Sabe-se que a ficção pode assumir posturas radicalmente críticas em relação ao poder de adaptação das palavras, levando a desvendar lugares ocultos do real. Em seus contos, Machado traz uma literatura mais próxima da realidade, vários fatores sociais são evidenciados, luta abolicionista, Guerra do Paraguai, o ideal de República, entre outros. Como exemplo, podemos usar o conto “O enfermeiro”. Uma característica realística e machadiana e apresentar em seus textos uma junção de fatos e conceitos históricos, filosóficos e sociológicos.
O Realismo apresenta a coexistência de um clima de ideias liberais e uma arte existencialmente negativa, apresenta o homem não como indivíduo concreto, generalizado, mas traz à tona a natureza humana em sua complexidade. Os contos machadianos nos permitem embrenhar-nos nas entrelinhas e observar os seres humanos envoltos nas malhas das letras, desvendando seus pensamentos mais obscuros, pensamentos estes, que fazem parte da realidade humana. Ao contrário dos realistas, que eram muito dependentes de certo esquematismo determinista (isto é: pensavam que tudo, no comportamento humano, era determinado por causas precisas), Machado não procura causas muito explícitas ou claras para a explicação das personagens e situações. Ele sabe deixar na sombra e no mistério aquilo que seria inútil explicar. Foi justamente por não tentar explicar tudo que Machado não caiu na vulgaridade de muitos realistas, como Aluísio Azevedo. Há coisas que não se explicam, coisas que só podem ter descrição discreta. Nisso, Machado de Assis foi um grande mestre. Embora seja chamada de "realista" (obra machadiana), os críticos não deixam de notar que a riqueza de gêneros e elementos nessas obras também adere resíduos do Romantismo e impressionistas.
A temática de Machado envolve desde o uso de citações referentes a eventos de sua época até os mais intricados conflitos da condição humana. Castro Alves, por exemplo, escrevia sobre a violência explícita a que os escravos estavam expostos, enquanto Machado de Assis escrevia as violências implícitas, como a dissimulação e a falsa camaradagem na relação senhor e escravo. Este mesmo caráter dissimulativo também é encontrado em sua ótica acerca da República e da Monarquia.

Por: Priscila de Sá Braga Fonseca

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