Começa,
a 23 de abril de 1870, a publicar no Jornal da Tarde uma tradução, logo interrompida,
do romance Olivier Twist, de Dickens. Publica seu segundo volume de versos, Falenas,
e Contos fluminenses. Publica,em 1873, o livro de contos Histórias da
meia-noite e a tradução de Higiene para uso dos mestres-escolas, do Dr.
Gallard. Nomeado, a 31 de dezembro, 1º oficial da 2ª seção da Secretaria de
Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Em
1882 publica o livro de contos Papéis avulsos.
Sabe-se
que as obras de Machado pertencem a dois períodos literários, romantismo e
realismo. Seus contos, porém ficam vinculados ao realismo. Sabe-se que a ficção
pode assumir posturas radicalmente críticas em relação ao poder de adaptação
das palavras, levando a desvendar lugares ocultos do real. Em seus contos, Machado
traz uma literatura mais próxima da realidade, vários fatores sociais são evidenciados,
luta abolicionista, Guerra do Paraguai, o ideal de República, entre outros. Como
exemplo, podemos usar o conto “O enfermeiro”. Uma característica realística e
machadiana e apresentar em seus textos uma junção de fatos e conceitos
históricos, filosóficos e sociológicos.
O
Realismo apresenta a coexistência de um clima de ideias liberais e uma arte
existencialmente negativa, apresenta o homem não como indivíduo concreto, generalizado,
mas traz à tona a natureza humana em sua complexidade. Os contos machadianos
nos permitem embrenhar-nos nas entrelinhas e observar os seres humanos envoltos
nas malhas das letras, desvendando seus pensamentos mais obscuros, pensamentos
estes, que fazem parte da realidade humana. Ao contrário dos realistas, que
eram muito dependentes de certo esquematismo determinista (isto é: pensavam que
tudo, no comportamento humano, era determinado por causas precisas), Machado
não procura causas muito explícitas ou claras para a explicação das personagens
e situações. Ele sabe deixar na sombra e no mistério aquilo que seria inútil
explicar. Foi justamente por não tentar explicar tudo que Machado não caiu na
vulgaridade de muitos realistas, como Aluísio Azevedo. Há coisas que não se
explicam, coisas que só podem ter descrição discreta. Nisso, Machado de Assis
foi um grande mestre. Embora seja chamada de "realista" (obra
machadiana), os críticos não deixam de notar que a riqueza de gêneros e elementos
nessas obras também adere resíduos do Romantismo e impressionistas.
A
temática de Machado envolve desde o uso de citações referentes a eventos de sua
época até os mais intricados conflitos da condição humana. Castro Alves, por
exemplo, escrevia sobre a violência explícita a que os escravos estavam
expostos, enquanto Machado de Assis escrevia as violências implícitas, como a
dissimulação e a falsa camaradagem na relação senhor e escravo. Este mesmo
caráter dissimulativo também é encontrado em sua ótica acerca da República e da
Monarquia.
Por: Priscila de Sá Braga Fonseca
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